sexta-feira, 3 de abril de 2009

As Cinco Consciências no Casamento

AS CINCO CONSCIÊNCIAS NO CASAMENTO
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Thich Nhat Hanh
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I. Somos conscientes de que todas as gerações dos nossos ancestrais e da nossa descendência estão presentes em nós.
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II. Somos conscientes das esperanças que nossos ancestrais, nossos filhos e os filhos de nossos filhos depositam em nós.
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III. Somos conscientes de que nossa alegria, nossa paz, nossa liberdade e harmonia são a alegria, a paz, a liberdade e a harmonia de nossos ancestrais, de nossos filhos e dos filhos de nossos filhos.

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IV. Somos conscientes de que a compreensão é o próprio fundamento do amor.
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V. Somos conscientes de que reclamações e brigas não nos ajudam e fazem apenas crescer um abismo entre nós. É unicamente graças à compreensão, à confiança e ao amor que podemos nos transformar e crescer.

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Na primeira consciência nos vemos como um elemento de continuação dos nossos ancestrais e um elo para as gerações futuras. Quando adquirimos essa visão, sabemos que, tratando bem o corpo e a consciência no momento presente, estamos cuidando de todas as gerações passadas e futuras.
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A segunda consciência nos lembra que nossos antepassados têm expectativas em relação a nós, assim como nossos filhos e netos. Nossa felicidade é a felicidade deles, e nosso sofrimento é o sofrimento deles também. Observando a fundo, saberemos o que nossos filhos e netos esperam de nós. Pode ser que ainda não os estejamos vendo em pessoa, mas eles já estão conversando conosco. Querem que vivamos de tal modo que não sejam infelizes quando se manifestarem. Os buddhistas vietnamitas não se vêem como indivíduos separados de seus ancestrais e sim como uma continuação que representa todas as gerações anteriores. As ações do casal não visam apenas a satisfazer suas necessidades físicas e espirituais como indivíduos. Elas também têm como objetivo concretizar as esperanças e expectativas de seus ancestrais, bem como preparar as futuras gerações.
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A terceira consciência nos diz que a alegria, paz, liberdade e harmonia não são questões meramente individuais. Temos que viver de modo que possamos permitir a libertação dos ancestrais que estão dentro de nós, o que significa nos libertar. Se não agirmos assim, ficaremos amarrados por toda a vida e transmitiremos isso aos nossos filhos e netos. Agora é a hora de libertarmos os nossos pais e os ancestrais que estão dentro de nós. Oferecer-lhes alegria, paz, liberdade e harmonia proporciona, ao mesmo tempo, alegria, paz, liberdade e harmonia a nós mesmos, a nossos filhos e nossos netos. Isso reflete o ensinamento da interconexão. Enquanto nossos ancestrais, que estão em nós sofrendo, permanecerem sofrendo, não poderemos ser realmente felizes. Dando um passo com plena consciência, livre e felizes ao tocar a terra, o fazemos por todos, por nossos ancestrais e gerações futuras.
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A quarta e a quinta consciências são também ensinamentos básicos de Buddha. Onde existe compreensão, existe amor. Quando entendemos os sofrimentos de alguém, ficamos motivados a ajudar e as energias do amor e da compreensão são liberadas. O que quer que façamos com esse espírito será para a felicidade e libertação da pessoa que amamos. Às vezes, porém, destruímos essa pessoa. É como o general americano, quando disse que suas bombas tinham que destruir a cidade de Bem Tre para salvá-la. Precisamos praticar de modo a que tudo o que fizermos para os outros os torne felizes. Vontade de amar não é suficiente. Se as pessoas não se entendem é impossível uma amar a outra. Quando as pessoas se casam, elas formam uma sangha, uma comunidade de dois, a fim de praticarem o amor, ou seja, se dispondo a cuidar uma da outra, concorrer para que o cônjuge possa florescer como uma flor, tornando a felicidade compartilhada algo real. A felicidade, então, não seria uma questão unicamente individual. A pessoa deve procurar sorrir pelo menos uma vez ao dia, não só por ela mesma, mas pela outra também. Tem que praticar a "meditação andando", pela outra e por si mesma. Estamos ligados a muitos seres e pessoas. Cada passo, cada sorriso tem um efeito sobre todos os que nos rodeiam. Nossa felicidade é a felicidade de outras tantas pessoas. Assim, o sentido mais profundo e a consciência plena do casamento.