sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Entrevista: Flávio Gikovate

"Não se precisa casar. Sozinho é melhor."

O psiquiatra decreta a morte do amor romântico e diz que a vida de solteiro é um caminho viável para a felicidade.

Duda Teixeira

"Para os meus pacientes, eu sempre digo: se você tiver de escolher entre o amor e a individualidade, opte pela segunda."

Com 41 anos de clínica, o médico psiquiatra Flávio Gikovate acompanhou os fatos mais marcantes que mudaram a sexualidade no Brasil e no mundo. Por meio de mais de 8.000 pessoas atendidas, assistiu ao impacto da chegada da pílula anticoncepcional na década de 60 e à constituição das famílias contemporâneas, que agregam pessoas vindas de casamentos do passado. Suas reflexões sobre o amor ao longo desse tempo foram condensadas no seu 26º livro, Uma História de Amor... com Final Feliz (v. postagem abaixo). Na obra, a oitava sobre o tema, Gikovate ataca o amor romântico e defende o individualismo, entendido não como descaso pelos outros e sim como uma maneira de aumentar o conhecimento de si próprio. Tendo sido um dos primeiros a publicar um estudo no país sobre sexualidade, atuou em diversos meios de comunicação, como jornais e revistas e na televisão. Atualmente, possui um programa na rádio, em que responde perguntas feitas por ouvintes. Aos 65 anos, ele atendeu a reportagem de Veja em seu consultório no elegante bairro dos Jardins, em São Paulo.

Veja - O senhor diria para a maioria das pessoas que o casamento pode não ser uma boa decisão na vida?

Gikovate - Sim. As pessoas que estão casadas e são felizes são uma minoria. Com base nos atendimentos que faço e nas pessoas que conheço, não passam de 5%. A imensa maioria é a dos mal casados. São indivíduos que se envolveram em uma trama nada evolutiva e pouco saudável. Vivem relacionamentos possessivos em que não há confiança recíproca nem sinceridade. Por algum tempo depois do casamento, consideram-se felizes e bem casados porque ganham filhos e se estabelecem profissionalmente. Porém, lá entre sete e dez anos de casamento, eles terão de se deparar com a realidade e tomar uma decisão drástica, que normalmente é a separação.

Veja - Ficar sozinho é melhor, então?

Gikovate - Há muitos solteiros felizes. Levam uma vida serena e sem conflitos. Quando sentem uma sensação de desamparo, aquele "vazio no estômago" por estarem sozinhos, resolvem a questão sem ajuda. Mantêm-se ocupados, cultivam bons amigos, lêem um bom livro, vão ao cinema. Com um pouco de paciência e treino, driblam a solidão e se dedicam às tarefas que mais gostam. Os solteiros que não estão bem são geralmente os que ainda sonham com um amor romântico. Ainda possuem a idéia de que uma pessoa precisa de outra para se completar. Pensam, como Vinicius de Moraes, que "é impossível ser feliz sozinho". Isso caducou. Daí, vivem tristes e deprimidos.

Veja - Por que os casamentos acabam não dando certo?

Gikovate - Quase todos os casamentos hoje são assim: um é mais extrovertido, estourado, de gênio forte. É vaidoso e precisa sempre de elogios. O outro é mais discreto, mais manso, mais tolerante. Faz tudo para agradar o primeiro. Todo mundo conhece pelo menos meia-dúzia de casais assim, entre um egoísta e um generoso. O primeiro reclama muito e, assim, recebe muito mais do que dá. O segundo tem baixa auto-estima e está sempre disposto a servir ao outro. Muitos homens egoístas fazem questão que a mulher generosa esteja do lado dele enquanto ele assiste na televisão os seus programas preferidos. Mulheres egoístas não aceitam que seus esposos joguem futebol. Consideram isso uma traição. De um jeito ou de outro, o generoso sempre precisa fazer concessões para agradar o egoísta, ou não brigar com ele. Em nome do amor, deixam sua individualidade em segundo plano. E a felicidade vai junto. O casamento, então, começa a desmoronar. Para os meus pacientes, eu sempre digo: se você tiver de escolher entre amor e individualidade, opte pelo segunda.

Veja - Viver sozinho não seria uma postura muito individualista?

Gikovate - Não há nada de errado em ser individualista. Muitos dos autores contemporâneos têm uma postura crítica em relação a isso. Confundem individualismo com egoísmo ou descaso pelos outros. São conceitos diferentes. Outros dizem que o individualismo é liberal e até mesmo de direita. Eu não penso assim. O individualismo corresponde a um crescimento emocional. Quando a pessoa se reconhece como uma unidade, e não como uma metade desamparada, consegue estabelecer relações afetivas de boa qualidade. Por tabela, também poderá construir uma sociedade mais justa. Conhece melhor a si próprio e, por isso, sabe das necessidades e desejos dos outros. O individualismo acabará por gerar frutos muito interessantes e positivos no futuro. Criará condições para um avanço moral significativo.

Veja - Por que os casamentos normalmente ocorrem entre egoístas e generosos?
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Gikovate - A idéia geral na nossa sociedade é a de que os opostos se atraem. E isso acontece por vários motivos. Na juventude, não gostamos muito do nosso modo de ser e admiramos quem é diferente de nós. Assim, egoístas e generosos acabam se envolvendo. O egoísta, por ser exibicionista, também atrai o generoso, que vê no outro qualidades que ele não possui. Por fim, nossos pais e avós são geralmente uniões desse tipo, e nós acabamos repetindo o erro deles.

Veja - Para quem tem filhos não é melhor estar em um casamento? E, para os filhos, não é melhor ter pais casados?

Gikovate - Para quem pretende construir projetos em comum – e ter filhos é o mais relevante deles – o melhor é jogar em dupla. Crianças dão muito trabalho e preocupação. É muito mais fácil, então, quando essa tarefa é compartilhada. Do ponto de vista da criança, o mais provável é que elas se sintam mais amparadas quando crescem segundo os padrões culturais que dominam no seu meio-ambiente. Se elas são criadas pelo padrasto, vivem com os filhos de outros casamentos da mãe, mas estudam em uma escola de valores fortemente conservadores e religiosos, poderão sentir algum mal-estar. Do ponto de vista emocional, não creio que se possa fazer um julgamento definitivo sobre as vantagens da família tradicional sobre as constituídas por casais gays ou por um pai e ou mãe solteiros. Estamos em um processo de transição no qual ainda não estão constituídos novos valores morais. É sempre bom esperar um pouco para não fazer avaliações precipitadas.

Veja - Que conselhos você daria para um jovem que acaba de começar na vida amorosa?

Gikovate - É preciso que o jovem entenda que o amor romântico, apesar de aparecer o tempo todo nos filmes, romances e novelas, está com os dias contados. Esse amor, que nasceu no século XIX com a revolução industrial, tem um caráter muito possessivo. Segundo esse ideal, duas pessoas que se amam devem estar juntas em todos os seus momentos livres, o que é uma afronta à individualidade. O mundo mudou muito desde então. É só olhar como vivem as viúvas. Estão todas felizes da vida. Contudo, como muitos jovens ainda sonham com esse amor romântico, casam-se, separam-se e casam-se de novo, várias vezes, até aprender essa lição. Se é que aprendem. Se um jovem já tem a noção de que não precisa se casar par ser feliz, ele pulará todas essas etapas que provocam sofrimento.

Veja - As mulheres são mais ansiosas em casar do que os homens? Por quê?
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Gikovate - As mulheres têm obsessão por casamento. É uma visão totalmente antiquada, que os homens não possuem. Uma vez, quando eu ainda escrevia para a revista Cláudia, o pessoal da redação fez uma pesquisa sobre os desejos das pessoas. O maior sonho de 100% das moças de 18 a 20 anos de idade era se casar e ter filho. Entre os homens, quase nenhum respondeu isso. Queriam ser bons profissionais, fazer grandes viagens. Essa diferença abismal acontece por razões derivadas da tradição cultural. No passado, o casamento era do máximo interesse das mulheres porque só assim poderiam ter uma vida sexual socialmente aceitável. Poderiam ter filhos e um homem que as protegeria e pagaria as contas. Os homens, por sua vez, entendiam apenas que algum dia eles seriam obrigados a fazer isso. Nos dias que correm, as razões que levavam mulheres a ter necessidade de casar não se sustentam. Nas universidades, o número de moças é superior ao de rapazes. Em poucas décadas, elas ganharão mais que eles. Resta acompanhar o que irá acontecer com as mulheres, agora livres sexualmente, nem sempre tão interessadas em ter filhos e independentes economicamente.

Veja - Como será o amor do futuro?

Gikovate - Os relacionamentos que não respeitam a individualidade estão condenados a desaparecer. Isso de certa forma já ocorre naturalmente. No Brasil, o número de divórcios já é maior que o de casamentos no ano. Atualmente, muitos homens e mulheres já consideram que ficarão sozinhos para sempre ou já aceitam a idéia de aguardar até o momento em que encontrarão alguém parecido tanto no caráter quanto nos interesses pessoais. Se isso ocorrer, terão prazer em estar juntos em um número grande de situações. Nesse novo cenário, em que há afinidade e respeito pelas diferenças, a individualidade é preservada. Eu estou no meu segundo casamento. Minha mulher gosta de ópera. Quando ela quer ir, vai sozinha. E não há qualquer problema nisso.

Veja - Quando duas pessoas decidem morar juntas, a individualidade não sofre um abalo?

Gikovate - Não necessariamente elas precisarão morar juntas. Em um dos meus programas de rádio, um casal me perguntou se estavam sendo ousados demais em se casar e continuarem morando separados. Isso está ficando cada dia mais comum. Há outros tantos casais que moram juntos, mas em quartos separados. Se o objetivo é preservar a individualidade, não há razão para vergonha. O interessante é a qualidade do vínculo que existirá entre duas pessoas. No primeiro mundo, esse comportamento já é normal. Muitos casais moram até em cidades diferentes.

Veja - É possível ser fiel morando em casas ou cidades diferentes?

Gikovate - A fidelidade ocorre espontaneamente quando se estabelece um vínculo de qualidade. Em um clima assim, o elemento erótico perde um pouco seu impacto. Por incrível que pareça, essas relações são monogâmicas. É algo difícil de explicar, mas que acontece.

Veja - Com o fim do amor romântico, como fica o sexo?

Gikovate - Um dos grandes problemas ligados à questão sentimental é justamente o de que o desejo sexual nem sempre acompanha a intimidade efetiva, aquela baseada em afinidade e companheirismo. É incrível como de vez em quando amor e sexo combinam, mas isso não ocorre com facilidade. Por outro lado, o sexo com um parceiro desconhecido, ou próximo disso, é quase sempre muito pouco interessante. Quando acaba, as pessoas sentem um grande vazio. Não é algo que eu recomendaria. Hoje, as normas de comportamento são ditadas pela indústria pornográfica e se parece com um exercício físico. O sexo então tem mais compromisso com agressividade do que com amor e amizade. Jovens que têm amigos muito chegados e queridos dizem que transar com eles não tem nada a ver. Acham mais fácil transar com inimigos do que com o melhor amigo. Penso que, com o amadurecimento emocional, as pessoas tenderão a se abster desse tipo de prática.

Veja - As desilusões com o primeiro casamento têm ajudado as pessoas a tomar as decisões corretas?

Gikovate - No início da epidemia de divórcios brasileira, na década de 70, as pessoas se separavam e atribuíam o desastre da união a problemas genéricos. Alguns diziam que o amor acabou. Outros, o parceiro era muito chato. Não se davam conta de que as questões eram mais complexas. Então, acabavam se unindo a outras pessoas muito parecidas com as que tinham acabado de descartar. Hoje, os indivíduos estão mais críticos. Aceitam ficar mais tempo sozinhos e fazem autocríticas mais consistentes. Por causa disso, conseguem evoluir emocionalmente e percebem que terão que mudar radicalmente os critérios de escolha do parceiro. Se antes queriam alguém diferente, hoje a tendência é buscarem uma pessoa com afinidades.

Veja - O senhor já escreveu colunas para jornais, revistas, atuou na televisão e agora tem um programa na rádio. O senhor se considera um marqueteiro?
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Gikovate - Sempre gostei de trabalhar com os meios de comunicação. Psicologia não é assunto para especialistas, mas de todo mundo. Faço essas coisas também porque é uma forma de entrar em contato com um público diferente do que eu encontro normalmente. Na rádio, respondo perguntas de gente tacanha, que jamais teriam condição de pagar uma consulta. Estão em um outro patamar financeiro. Mas o que dizem é ouro puro. As colunas e programas de rádio que eu faço não me trazem clientes. Às vezes, só atrapalham. Em 1982, aceitei trabalhar com o Corinthians. Era a democracia corinthiana. Foi um balde de água fria na clínica. Imagine só, o Corinthians! Não foi o tipo de notícia que meus pacientes gostaram de ouvir. Eu fiquei lá dois anos. Meu pai ficava chocado com essas coisas, porque naquele tempo médico de bom nível não fazia essas coisas. Não estava nem aí. Quando eu me interesso por alguma coisa, eu vou. No mais, se eu fosse um simples marqueteiro, não teria durado 41 anos.

Veja - Apesar de todo esse tempo de clínica, o senhor atuou sozinho, longe das universidades. Por quê?

Gikovate - O mundo acadêmico está cheio de papagaios, que repetem fórmulas prontas. Citam sempre outros pensadores, mas nunca vão a lugar algum. Não têm coragem para isso. Esse universo, do qual eu acabei me afastando, é extremamente conservador. Não são eles que produzem as novas idéias. Muitos fingem que eu não existo. Diziam à pequena que eu era um cara muito pragmático, que levava em conta muito os resultados, o que é verdade. Os que mais gostam do que eu faço não são da minha área. São os filósofos, como o Renato Janine Ribeiro e a Olgária Matos. De minha parte, eu sempre fugi dos rótulos. Não me inscrevi membro da Sociedade de Psicanálise. Não sou membro de qualquer sociedade dogmática. Não sou sócio de nenhum clube. Sou uma pessoa de mente aberta. Nunca quis discípulos. Os meus discípulos, se um dia existirem, pensarão por conta própria. Se tiverem um monte de opiniões diferentes das minhas, será ótimo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Maneiras de...

"MANEIRAS DE AJUDAR CONVERSANDO, ELIMINANDO DISCÓRDIAS, ELIMINANDO MÁGOAS. MANEIRAS DE AJUDAR CURANDO RESSENTIMENTOS, COMPREENDENDO, TOLERANDO, PERDOANDO. TUDO AJUDA. TUDO É BOM." (FMV, Escritos Esparsos, 2009, http://fmarcondesvelloso.blogspot.com)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Operação Resgate?

COMO PROTEGER SEU RELACIONAMENTO
DAS ARMADILHAS DO MUNDO MODERNO
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Seu casamento está se deteriorando e você sente que ele logo pode acabar? Ou você é recém-casado e não quer cair nas armadilhas que levam tantos casais ao divórcio? Em qualquer caso, se você e seu cônjuge querem ser felizes e investir no relacionamento a dois, o livro Resgate seu casamento pode ajudá-los. A atual epidemia de divórcios reflete o aumento de diversos apelos sociais e de mídia capazes de separar até mesmo os casais mais felizes. Hoje, mais do que nunca, o sucesso de um casamento requer maturidade e capacidade de buscar, a dois, soluções saudáveis e comprometidas para os problemas, fazendo tudo que for possível para manter ou resgatar esse relacionamento fundamental em nossa vida. O autor, William Doherty, é terapeuta conjugal e há muitos anos vem ajudando casais a resgatar o casamento e vencer os obstáculos que podem destruir qualquer relacionamento que não tenha uma base sólida.
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Título: Resgate Seu Casamento
Autor: Doherty, William J.
Editora: Verus
Área: Auto-ajuda
ISBN: 9788576860167
216 pp
Preço: R$ 29,90

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Divórcio é a solução?

AME A VOCÊ MESMO E...
PERMANEÇA CASADO

Em Ame a você mesmo e... permaneça casado, Eva-Maria Zurhorst põe em xeque uma das maiores tendências dos dias atuais, o divórcio. E relata como ele está se transformando em algo tão comum quanto o casamento. A autora afirma que essa é uma medida quase sempre desnecessária, pois acredita que a pessoa com quem se casa é a maior oportunidade de encontrar a felicidade.

Título: Ame a você mesmo e...
permaneça casado
Autor: Zurhorst, Eva Maria
Editora: Sem Fronteiras

Área: Auto-ajuda
ISBN: 9788520920954
203 pp
Preço: R$ 19,90
Fonte:
http://www.livrariacultura.com.br

domingo, 28 de junho de 2009

Dicas para Fortalecer o Relacionamento

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Por que os homens se cansam de suas mulheres? Seria tentador concluir que eles são simplesmente pragmáticos, objetivos e não dão importância para as emoções. No entanto, em Cansei de você, Michael French oferece uma análise mais profunda sobre a psique masculina. É aqui, neste livro, que se torna possível o acesso às discussões e às análises feitas por dez homens de diferentes faixas etárias e com experiências diversas, que pararam para examinar seus relacionamentos mais íntimos com uma sinceridade incomum. Eles levantaram questões como: que tipo de sentimentos as mulheres realmente despertam neles, o que pensam a respeito de si mesmos, do amor, da idéia de compromisso e como lidam com as crises do relacionamento, expondo seus verdadeiros pensamentos sobre estas e outras dúvidas que assombram o universo das emoções de toda mulher. Em Cansei de você, French notou que, apesar de terem trajetórias de vida completamente diferentes, os entrevistados enfrentavam problemas semelhantes na relação com suas mulheres. A partir da análise desses pontos em comum, foi que o autor identificou os quatro fatores destruidores de relacionamentos e os seis motivos-chave pelos quais os homens se desapaixonam, sofrem - não raro em silêncio -, traem ou simplesmente não conseguem preservar sua união. Cansei de você oferece aos homens uma ferramenta para o autoconhecimento e às mulheres um olhar estratégico sobre os diversos porquês que pairam na atmosfera masculina. A obra de French ajudará a compreender o misterioso universo das emoções dos homens. É leitura obrigatória para aqueles que desejam preservar e aprimorar seus relacionamentos, além de ser um manancial de informações que podem ajudar a responder questões como: por que os homens se cansam de seus relacionamentos? E, o mais importante, mostra como isto pode ser evitado, munindo ambos os sexos de elementos essenciais para um relacionamento saudável e duradouro.

Título: Cansei de Você

Autor: French, Michael
Editora: Best Seller
Área: Psicologia / Psicanálise
ISBN: 9788576841982
370 pp
Preço: R$ 29,90
Fonte:
http://www.livrariaresposta.com.br

sexta-feira, 3 de abril de 2009

As Cinco Consciências no Casamento

AS CINCO CONSCIÊNCIAS NO CASAMENTO
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Thich Nhat Hanh
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I. Somos conscientes de que todas as gerações dos nossos ancestrais e da nossa descendência estão presentes em nós.
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II. Somos conscientes das esperanças que nossos ancestrais, nossos filhos e os filhos de nossos filhos depositam em nós.
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III. Somos conscientes de que nossa alegria, nossa paz, nossa liberdade e harmonia são a alegria, a paz, a liberdade e a harmonia de nossos ancestrais, de nossos filhos e dos filhos de nossos filhos.

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IV. Somos conscientes de que a compreensão é o próprio fundamento do amor.
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V. Somos conscientes de que reclamações e brigas não nos ajudam e fazem apenas crescer um abismo entre nós. É unicamente graças à compreensão, à confiança e ao amor que podemos nos transformar e crescer.

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Na primeira consciência nos vemos como um elemento de continuação dos nossos ancestrais e um elo para as gerações futuras. Quando adquirimos essa visão, sabemos que, tratando bem o corpo e a consciência no momento presente, estamos cuidando de todas as gerações passadas e futuras.
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A segunda consciência nos lembra que nossos antepassados têm expectativas em relação a nós, assim como nossos filhos e netos. Nossa felicidade é a felicidade deles, e nosso sofrimento é o sofrimento deles também. Observando a fundo, saberemos o que nossos filhos e netos esperam de nós. Pode ser que ainda não os estejamos vendo em pessoa, mas eles já estão conversando conosco. Querem que vivamos de tal modo que não sejam infelizes quando se manifestarem. Os buddhistas vietnamitas não se vêem como indivíduos separados de seus ancestrais e sim como uma continuação que representa todas as gerações anteriores. As ações do casal não visam apenas a satisfazer suas necessidades físicas e espirituais como indivíduos. Elas também têm como objetivo concretizar as esperanças e expectativas de seus ancestrais, bem como preparar as futuras gerações.
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A terceira consciência nos diz que a alegria, paz, liberdade e harmonia não são questões meramente individuais. Temos que viver de modo que possamos permitir a libertação dos ancestrais que estão dentro de nós, o que significa nos libertar. Se não agirmos assim, ficaremos amarrados por toda a vida e transmitiremos isso aos nossos filhos e netos. Agora é a hora de libertarmos os nossos pais e os ancestrais que estão dentro de nós. Oferecer-lhes alegria, paz, liberdade e harmonia proporciona, ao mesmo tempo, alegria, paz, liberdade e harmonia a nós mesmos, a nossos filhos e nossos netos. Isso reflete o ensinamento da interconexão. Enquanto nossos ancestrais, que estão em nós sofrendo, permanecerem sofrendo, não poderemos ser realmente felizes. Dando um passo com plena consciência, livre e felizes ao tocar a terra, o fazemos por todos, por nossos ancestrais e gerações futuras.
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A quarta e a quinta consciências são também ensinamentos básicos de Buddha. Onde existe compreensão, existe amor. Quando entendemos os sofrimentos de alguém, ficamos motivados a ajudar e as energias do amor e da compreensão são liberadas. O que quer que façamos com esse espírito será para a felicidade e libertação da pessoa que amamos. Às vezes, porém, destruímos essa pessoa. É como o general americano, quando disse que suas bombas tinham que destruir a cidade de Bem Tre para salvá-la. Precisamos praticar de modo a que tudo o que fizermos para os outros os torne felizes. Vontade de amar não é suficiente. Se as pessoas não se entendem é impossível uma amar a outra. Quando as pessoas se casam, elas formam uma sangha, uma comunidade de dois, a fim de praticarem o amor, ou seja, se dispondo a cuidar uma da outra, concorrer para que o cônjuge possa florescer como uma flor, tornando a felicidade compartilhada algo real. A felicidade, então, não seria uma questão unicamente individual. A pessoa deve procurar sorrir pelo menos uma vez ao dia, não só por ela mesma, mas pela outra também. Tem que praticar a "meditação andando", pela outra e por si mesma. Estamos ligados a muitos seres e pessoas. Cada passo, cada sorriso tem um efeito sobre todos os que nos rodeiam. Nossa felicidade é a felicidade de outras tantas pessoas. Assim, o sentido mais profundo e a consciência plena do casamento.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Psiquiatra defende triunfo do individualismo nas relações afetivas

PSIQUIATRA DEFENDE TRIUNFO DO INDIVIDUALISMO NAS RELAÇÕES AFETIVAS
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Amarílis Lage, da Folha de S.Paulo
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Atenção: a entrevista a seguir pode conter cenas fortes para românticos inveterados. Nela, o psiquiatra Flávio Gikovate, 65, prevê o fim da noção atual do amor, que considera uma "imaturidade não resolvida nos seres humanos", e a vitória da individualidade.
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Psicoterapeuta,
Flávio Gikovate lança livro em que retrata os moldes das novas relações.
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Esse é o tema de seu novo livro, Uma História do Amor... com Final Feliz. Trata-se, na verdade, de dois finais. Um deles aponta para um novo molde das relações afetivas: "O romantismo do século 21 não será mais essa idéia de fusão de duas metades, e sim a aproximação de dois inteiros. Uma coisa mais parecida com a amizade, com mais afinidade intelectual do que física". A outra opção de final feliz, diz, é a solidão - tão temida. Leia trechos da entrevista concedida por Gikovate à Folha.
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Folha - A busca por uma fusão com o ser amado é constante em todos os períodos ou nossa idéia atual de amor decorre do movimento romântico dos séculos 18 e 19?
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FLÁVIO GIKOVATE - A expressão do amor romântico é ruim, melhor definir amor de forma mais ampla. Desde que nascemos, temos a sensação de ser uma "metade", talvez porque tenha sido assim na origem: passamos a existir fundidos a outro ser - a mãe. O nascer é uma ruptura que gera desamparo. Isso só se atenua com a reaproximação física da mãe.
Amor é o que sentimos por quem atenua nossa sensação de desamparo, e esse remédio varia conforme a época. No clã familiar, o aconchego vinha de muitas fontes. Quando os jovens saíram da área rural, foram afastados do clã. Então, homem e mulher criaram uma aliança intensa só entre eles. Esse amor romântico, que é possessivo, exigente, ciumento e complexo, andava mais ou menos bem até a 2ª Guerra Mundial. Aí se agravou um conflito que, para mim, sempre existiu: aos dois anos, a criança sai do colo da mãe para apreender o mundo. A partir daí, ela se divide entre o amor e seus interesses pessoais. Essa divisão não se resolve nunca.
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Folha - Como o movimento romântico nos influencia atualmente?
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GIKOVATE - Esse sonho de fusão continua presente. Mas duas coisas modificaram esse ideal: a independência da mulher, desequilibrando a idéia de fusão com uma liderança masculina, e o avanço tecnológico, que criou condições extraordinárias para o entretenimento individual. Hoje, há uma briga muito mais ostensiva entre amor e individualidade.
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Folha - Apesar dessa independência, as mulheres ainda são mais associadas ao amor. Por quê?
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GIKOVATE - Isso é uma lenda. Talvez elas tenham mais interesse em estabelecer relações estáveis por razões sexuais (não se divertem muito com o sexo sem compromisso) e pela idéia antiquada de que casar pode ser um bom negócio. No dia em que elas fizerem as contas e perceberem que 60% das vagas nas universidades são ocupadas por mulheres, vão repensar isso. Elas sonham com um protetor e provedor e, ao mesmo tempo, com independência. Nesse sentido, muitas são contraditórias.
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Folha - Por que, na maioria dos divórcios, a iniciativa é feminina?
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GIKOVATE - Porque os casamentos de má qualidade são mais desgastantes para a mulher. Em geral, esse casamento é entre opostos: um egoísta e outro generoso - e há tanto homens como mulheres dos dois tipos. Nas separações por iniciativa feminina, geralmente a mulher generosa ficou de "saco cheio" do marido folgado. A egoísta não se separa, pois se beneficia da situação. E os maridos generosos não se separam porque não são bons em ficar sozinhos e perdem mais com a separação, como os filhos e a casa.
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Folha - O individualismo tem uma conotação pejorativa. Por que valorizá-lo?
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GIKOVATE - Individualismo não é egoísmo. O egoísta gosta de turma, porque é aí que encontra um generoso para "mamar na teta". O generoso também não é individualista porque tem a necessidade de dar. O individualismo resolve o dilema entre o egoísmo e a generosidade: trata-se de eu me entender como uma unidade e, quando eu me sentir desamparado, resolver isso por mim mesmo, e não por meio do outro. Isso não significa não me relacionar, mas o outro deve ser escolhido por afinidade intelectual, como os amigos.
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Folha - Se esse encontro não ocorre, é possível ser feliz sozinho?
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GIKOVATE - Meu livro tem dois finais: um é ficar sozinho; outro, bem-acompanhado. Ambos representam a vitória da individualidade. Posso jogar tênis sozinho ou em dupla. O que não posso é jogar com um parceiro desleal, ciumento e que queira mandar em mim. Ninguém aceitará gente querendo mandar. Isso não é ser egoísta. O egoísmo se caracteriza pela intolerância à frustração. O independente resolve agüentar suas dores. Além disso, hoje, o mundo é mais favorável a pessoas sozinhas.
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Folha - Como o sexo ocorre nesse amor que parece amizade?
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GIKOVATE - Isso é um problema porque, em nossa cultura, o sexo vai melhor quando há briga. As pessoas gostam mais de transar com inimigos do que com amigos. Isso mostra como precisamos avançar no entendimento da questão sexual. Ainda é preciso inventar um erotismo que não seja comprometido com vulgaridade e violência. Para superar isso, é preciso ser criativo e entender que as leis da atração sexual não são as mesmas das relações afetivas de boa qualidade. Na hora do sexo, talvez seja necessário mudar o canal, no qual o outro tem de deixar de ser o parceiro sentimental para ser um outro. É assim que os casais que se amam de verdade descobrem estratégias para que o sexo flua.
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Título: Uma História do Amor... com Final Feliz
Autor: Gikovate, Flávio
Editora: MG Editores
Área: Psicologia
ISBN: 9788572550567
168 pp
Preço: R$ 37,80
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Fonte:
http://www.folha.com.br
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COMENTÁRIO NOSSO
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A instituição "casamento" está "fora de moda", aos moldes tradicionais.
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Nossos filhos devem ser educados para não se casarem, não fazerem promessas vãs, se não pretenderem assumir votos matrimoniais.
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Também não se devem casar antes que tenham "maturidade" e saibam o que estão fazendo, pois uniões que resultam de atração física, paixão, sexo, encantamento etc. tendem a não durar, fatalmente.
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FMV
http://fmarcondesvelloso.blogspot.com